Monday, September 2, 2019

São João de Lobrigos


Nos documentos do concílio de Lugo, em 569, entre as aldeias (“pagos”) que integravam a Sé Portucalense aparece “Aliobrio”. A mesma localidade onde o P.e João Parente garante que os Visigodos cunharam moeda. Nome que, na opinião do mesmo investigador, se refere a Lobrigos, mesmo quando evoluiu para “Aloifrio”, ou “Aliofrido”, em documentos do século XII, (nomeadamente, em 1116, quando D. Teresa (mãe de Afonso Henriques) trocou uma herdade em Fontelas por «uma vinha que tanto me agradou e que é situada em Aloifrio, no termo Portucalense, sob o monte Marão, por onde corre o rio Sarmenha e o rio Douro…», e, em 1138, na Carta de testamento feita pelo nosso primeiro rei à ermida de Santa Comba nas margens do Corgo, onde é citada uma outra «sancta Columba de alio frido»).
     Mais próximo da forma atual e sem sombra de dúvida, em Abril de 1183, D. Afonso Henriques faz carta de doação do reguengo de Lobrigos a Egas Gomes (“de illo regalengo meo quod dicitur Louerigos”).   Em 1210, na carta de Foro do Monte Argemudães, concedida por D. Sancho I, foi dito que esse monte «diudit (divide) cum Louerigos et cum Villa Maior et inde cum Remustruyaz et cum Peso et inde per venam(pelo leito) de Corrago (rio Corgo)…». Em 1258, Lobrigos foi também citado na “Carta de Foro” de Laurentim. Para nas Inquirições do mesmo ano (sob o título «Freeguisia de Sam Johane de Louerigos», bem como nas de 1288 («freguesia de Sam Joham de Louorigos»),integrar o Julgado de Penaguião.
     No foral de D. Manuel, aparece o “Titolo de Lobrigos”. Na “Corografia Portuguesa, em 1706, S. João de Lobrigos era uma Abadia do Padroado do Marquês de Arronches, e tinha 200 vizinhos.
     Na “apresentação” que os principais lavradores de cima do Douro e homens bons da cidade do Porto, fizeram ao Marquês de Pombal, em 1756, pedindo a criação da Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro foi dito, «que o abade de Lobrigos já tinha largado a sua igreja, por não ter já com que pagasse a pensão dela». O que não deve ter sido verdade, porque o Abade de Lobrigos, Duarte Carlos da Silva Carneiro, uma vez criada a Companhia é um dos seus primeiros acionistas; e dois anos depois, em 1758, afirmando que o rendimento da abadia é de 10.000 cruzados ano, apenas diz que assim é «um ano por outro, excepto em alguns quando se dificulta a saída dos frutos, chegando a render metade».
     Efetivamente a Abadia de S. João de Lobrigos, que, nos inícios do século XVIII, renderia três mil e quinhentos cruzados, nos meados do mesmo, com os aumentos da produção de vinho fino e da sua exportação, poderia render dez mil cruzados, como confessou o seu abade, sendo por isso uma das mais ricas e cobiçadas do país. Tanto assim era que, numa relação de proprietários do Douro que tinham nas suas adegas 100 ou mais pipas, em 1770 e no que ao concelho de Penaguião respeitava, o Abade de S. João de Lobrigos, com 366 pipas de vinho fino, era o maior produtor do concelho. O próprio Camilo Castelo Branco, na segunda metade do século XIX e numa das suas novelas – “A Brasileira de Prazins” – ainda se fazia eco dos bons proventos da abadia, quando contou: “… o abade de Lobrigos, tinha liteira, parelha de machos, matilha de cães e hóspedes na sua residência episcopal…».
     O maior expoente do património edificado da freguesia é a sua Igreja matriz, cuja fachada principal é constituída por uma robusta torre sineira. O interior é de uma nave com capela-mor. No teto, os caixotões apresentam pinturas de motivos hagiológicos e cristológicos. É um templo maravilhoso profundamente decorado com talha barroca nos altares, no arco triunfal, nas molduras dos caixotões e dos quadros, no coro alto e nos espaldares dos confessionários. Acerca desta Igreja, diz Correia de Azevedo no seu “Património Artístico da Região Duriense”: «Arquitetonicamente a Igreja de Lobrigos apenas difere das outras igrejas do gênero pela sua torre, de remate estilo oriental, formando na base uma galilé. Segundo a inscrição de um túmulo existente na capela-mor, com a data de 1638 e uma outra existente na sacristia – 1728 – esta igreja deve ter sido construída parte no século XVII e parte no século XVIII. O que está bem patente na talha dos retábulos, onde prevalecem os estilos referentes às duas épocas.» A Igreja paroquial de S. João Baptista de Lobrigos foi declarada “imóvel de interesse público”, pelo Decreto 47 508 de 24 de Janeiro de 1967.
     Com interesse e valor é também a Capela do Espírito Santo no Cemitério, onde se pode admirar uma não muito frequente mas antiga representação em imagem da Santíssima Trindade, que no dizer popular é chamada de “Espírito Santo”. Tem uma interessante inscrição no supedâneo do altar-mor: “PIAE ET DEVOTAE SPVS SANCTICO N FRATERNITATIS EXPENSIS – 1619”. De assinalar ainda, no adro da Igreja Paroquial, um artístico fontenário em granito também do século XVIII, e algumas Casas Solarengas da mesma época, espalhadas pela freguesia.
   Carlos Correia Figueiredo Pimentel, nascido em S. João de Lobrigos em 1865, foi Governador Civil do Distrito de Vila Real, de 31 de Agosto de 1918 a 19 de Janeiro de 1919. Senhor da Casa de Vila Maior foi ainda Administrador do concelho de Peso da Régua.
https://www.cm-smpenaguiao.pt/freguesias/uniao-das-freguesias-de-lobrigos-sao-miguel-e-sao-joao-baptista-e-sanhoane/




Vinha do Viso
















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